Serendipidade é a habilidade de fazer descobertas agradáveis e inesperáveis inteiramente ao acaso.
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sexta-feira, janeiro 17, 2003
Século Americano
Em qualquer HQ escrita por Howard Chaykin (American Flagg, Black Kiss etc.) o leitor tem a certeza de sempre encontrar dois elementos característicos de seu trabalho: sexo e violência. Em American Century, a segunda encadernação da série escrita em parceria com David Tischman e desenhada por Marc Laming - e que eu já havia comentado aqui antes - não poderia ser diferente.
Para quem não sabe, American Century tem como cenário os dourados anos 50 e mostra as aventuras "verídicas" de um típico herói chaykiniano - ou seja, um sujeito bom de briga que traça todas as mulheres do pedaço - chamado Harry Kraft, veterano de guerra cansado da vida chata nos EUA que larga tudo e vai para na Guatemala, onde se mete com a CIA, revolucionários comunistas e, é claro, calientes latinas. A principal intenção de Chaykin e Tischman é expor a hipocrisia da América daqueles anos que de "dourados" não tinham nada se você fosse judeu (como Kraft), negro, comunista ou gay.
Nesta encadernação, intitulada Hollywood Babylon, Kraft está de volta aos EUA, mas trabalhando como guarda noturno de um estúdio de cinema em Los Angeles, onde tromba com um senador caça-comunista, um dupla de comediantes em crise (evidentemente inspirados em Dean Martin e Jerry Lewis), mafiosos em busca de lucros e uma atriz em ascensão com um passado obscuro. E é também aqui que começam os problemas da história.
O principal é quantidade desnecessária de personagens e subplots, atrapalhando a leitura. A arte de Laming neste ponto também não ajuda: ainda que ele desenhe muito bem o american way of life com todos aqueles carrões, casas e roupas, a maior parte dos rostos masculinos se parecem uns com os outros, aumentando a bagunça. Além disso, a arte dele é "travada", sem vida, com alguns erros de anatomia que as cores de Pam Rambo só acentuam. Tudo isso ainda dá para relevar, mas Chaykin - que é responsável pelo layout - estraga o final da história com uma narrativa confusa (fica difícil saber quem está atirando em quem, por exemplo) e irritante com a volta de subplot que ficou perdido na trama. Já a última história, um edição one shot desenhada por Warren Pleece em um estilo completamente diferente de Laming, mostra Kraft se envolvendo com uma femme fatale em um posto de gasolina na legendária Rota 66. Com um clima noir, a história fica na média se comparada com a anterior.
No final, fica a sensação de que Chaykin - e seus colaboradores - poderiam ter feito um trabalho melhor, ainda mais com uma ambientação tão rica e um personagem interessante como Harry Kraft.
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