domingo, setembro 15, 2002
A seguir, as resenhas de dois livros e uma graphic novel que li na última semana:
Keeper
Para muitos fãs das HQs de super-heróis, Greg Rucka foi apenas o roteirista de uma das revistas do Batman e co-autor da saga Terra de Ninguém, estrelada pelo homem-morcego (já publicada no Brasil), cujos melhores momentos foram escritos justamente por Rucka. No entanto, Rucka começou sua carreira nos livros de mistério. Em 1996, com então 25 anos, ele escreveu Keeper, um thriller onde um jovem guarda-costas chamado Atticus Kodiak tem a missão de proteger a médica de uma clínica de aborto, ameaçada por radicais pró-vida.
Com um tema polêmico como esse, poderia se temer que a trama desandasse para a pregação de sermões, condenando uma ou outra posição, ainda mais quando o personagem principal é a favor do aborto. É justamente o contrário: Rucka consegue dar conta do recado, mostrando os dois lados da questão sem “demonizar” seus simpatizantes. Os personagens são “redondos”, a trama é vigorosa e tem um clima de tensão que deixa o leitor atento e ansioso por virar a página. Percebe-se que Rucka fez uma boa pesquisa para compor Kodiak e sua equipe de guarda-costas, mostrando os perigos e temores da profissão. A história vai evoluindo até o final trágico e um pouco abrupto, sendo esta conclusão um dos defeitos do livro, junto com alguns minúsculos erros de procedimento que não atrapalham em nenhum momento a diversão.
Com o sucesso de Keeper, Greg Rucka iniciou uma série e acabou indo para as HQs, onde também escreveu Whiteout (sobre uma policial que investiga um crime na Antártida) e Queen & Country (série de espionagem), ambas publicadas pela Oni Press. Atualmente, ele escreve Gotham Central, uma revista que aborda o cotidiano dos policiais da cidade de Batman e que deve estrear ano que vem nos EUA.
Sem dúvida, Keeper foi uma agradável surpresa e me deixou com vontade de comprar o resto da série. Altamente recomendável.
Harry Porter e o Prisioneiro de Azkaban
Já fazia um bom tempo que a Miliam havia me emprestado esse livro, o terceiro da milionária série criada por J. K. Rowling, mas depois de assistir o filme (dublado, ainda por cima) não estava com vontade de ler. No final, acabei vencendo a minha resistência.
A história é até legalzinha, com Porter voltando às aulas depois de passar as férias com seus intragáveis tios “trouxas”. Ao mesmo tempo, um perigoso bandido fugiu da prisão e, de alguma forma, ele tem uma certa ligação com o passado do garoto.
A trama tem um certo suspense e não se pode negar que a ambientação criada por Rowling tem seu certo charme, com a escola Hogwarts, seus alunos, professores e aulas. Sinceramente, pensei que a coisa fosse pior, mas no final o livro cumpriu a sua função de diversão.
Quando eu tiver um tempinho, talvez eu até procure os outros livros na biblioteca municipal.
Como uma luva de veludo moldada em ferro
Esta graphic novel estava há anos na minha wish list, da época em que recebia o catálogo da Fantagraphics, nos áureos tempos da paridade do real com o dólar. Lembro que tentei até comprar a edição original, mas estava esgotada. Todas as resenhas que li diziam que a história era um marco. Fiquei curioso sobre o autor Daniel Clowes, comparado constantemente ao cineasta David Lynch. Nem preciso dizer que fiquei feliz quando soube que a Conrad iria lançar a edição em português (apesar do preço salgado...) Finalmente, neste final de semana, li o livro e descobri que todas as resenhas elogiosas são, no mínimo, um tanto exageradas.
Like a velvet glove cast in iron (este é o bizarro título original, talvez o que tenha me atraído em primeiro lugar) conta a história de um homem que entra num cinema pulgueiro, do tipo que passa pornôs, e assiste um filme - que tem o mesmo título da HQ - descobrindo, ao final da projeção, que a atriz principal é a sua ex-amante que o deixou. A partir daí, ele começa uma busca desesperada para conseguir informações sobre o filme, indo parar numa cidade onde encontra todo tipo de aberração e esquisitice, que prosseguem até a última página.
A trama, em si, não diz muita coisa. Não tem nada de “genial” como apregoado pelos críticos, a não ser que esta palavra tenha virado sinônimo de “bizarro”. Não achei muita graça no desfile interminável de freaks. Na melhor das hipóteses, a história é inofensiva, ainda que, confesso, em um primeiro momento incomode. Mas é só isso mesmo. O desenho de Clowes, por outro lado, é até legal.
Felizmente, comprei o livro numa promoção da Banca 2000, pagando praticamente um terço do valor original. Pelo menos isso...
23:19
Fiquei praticamente a semana inteira sem acesso à Internet, graças a chuva do domingo passado que acabou de vez com a minha linha telefônica. Como se isso já não bastasse, tive uma semana pesada no trabalho.
Sem contar que o serviço de reparos da Telefónica é uma piada...
23:16
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